Viver não é fácil...
Recentemente tenho sentido na pele situações que só confirmam isso. Sinto
diariamente o peso da responsabilidade no meu lado pessoal, profissional, no
âmbito familiar e etc. Muitas coisas sobre meus ombros e a responsabilidade às
vezes é um peso difícil de carregar chegando a ser em alguns casos esmagador. Ao
mesmo tempo, Ele, a milhares de quilômetros de distância, tem enfrentado seus
próprios desafios igualmente pesados e estressantes.
Muitas vezes juntos,
conversando, passo a perceber que Dominação e submissão são as últimas coisas
que pairam sobre nossas mentes... E que ainda o vínculo afetivo e de
confiança que temos – o qual foi formado através do nosso relacionamento D/s – é
muitas vezes a base que nos aproxima pelo apoio, carinho, confiança e conforto
nestes tempos difíceis.
Mesmo quando o mundo
gira fora do nosso controle e estamos aparentemente sem rumo e sem poder fazer
nada sobre um mar agitado, nosso domínio e submissão oferecem um refúgio de
conforto, estabilidade e segurança que por essência precisamos como Dominador e
submissa. Todo o peso do mundo e todo o stress que vem junto a ele é
levantado embora, mesmo que temporariamente, e nossas mentes aquietam-se e
focamos um no outro.
Ajoelhar-se, física e
psicologicamente, em estado e posição de submissão é uma forma de abrir mão,
deixar ir, de ter mais tolerância e aceitação. É um exercício de
interiorização que nos faz compreender que tudo o que vem a seguir não está sob
nosso controle, mas na verdade vai dar certo no final, independentemente da
direção e do resultado. É um ato de desapego, um estado meditativo tão
necessário para a nossa paz de espírito e bem estar que sempre me deixou
mentalmente relaxada.
Já para um Dominador,
acredito que ter uma submissa sob sua mão é igualmente terapêutico... Em um
mundo em que temos pouco controle do nosso ambiente e daqueles que nos rodeiam,
a capacidade de mergulhar no foco de domínio em detrimento ao outro dá uma
sensação extra de controle e razão, fugaz no resto da vida... Acredito que
não só exista o prazer, mas também existe um estado de calma nesse ato que toma
conta do dominador sempre que sua submissa, fisicamente ou emocionalmente,
ajoelha-se e curva-se para ele, pronta para servi-lo em todos os sentidos
possíveis. É quando ambos se
fixam sobre a felicidade e as necessidades do outro e por um tempo são capazes
de se isolarem, em unidade, fechando-se aos ruídos, à distração e pressão do
mundo exterior.
Mas isso não
significa que temos de utilizar os nossos jogos BDSM ou envolver-se em cenas do
tipo para alcançar essa paz de espírito e tranquilidade
interior... Dominação e submissão são, em última instância, um estado
emocional e mental, e não só um ato físico. Podemos voltar para dentro um
do outro e sintonizar todo o resto, e nós precisamos disso para nossa própria
sanidade e sobrevivência. Percebe-se assim que uma relação D/s não tem de
implicar em coleiras e punhos, cordas e floggers, palmadas e orgasmos.
Dominação e submissão,
e as relações muito profundas e sólidas que podem surgir a partir deles, são
muito mais do que apenas uma oportunidade para o jogo e gratificação
sexual. O estado intenso de unidade e confiança inabalável proporcionada
pelo relacionamento amoroso e sensual que a D/s oferece passa a ser um
santuário nesse mundo em que vivemos, um lugar seguro onde podemos simplesmente
deixar ir, relaxar por um tempo e deleitar-se com o que é mais importante nesta
vida: as infinitas possibilidades de um vínculo com outro ser humano.
Com meu Dono era assim, seu domínio e a minha submissão estavam presentes 24/7. Viviamos a nossa relação desta forma em todos os momentos e nos viamos nesses “papéis” continuamente. Eles são, de fato, não papéis, mas o nosso estado natural e contínuo como seres que escolheram viver uma relação D/s.
Com meu Dono era assim, seu domínio e a minha submissão estavam presentes 24/7. Viviamos a nossa relação desta forma em todos os momentos e nos viamos nesses “papéis” continuamente. Eles são, de fato, não papéis, mas o nosso estado natural e contínuo como seres que escolheram viver uma relação D/s.
Sim... a vida é
realmente difícil e, por vezes, pode ser francamente opressiva. Mas, o
porto seguro que foi a minha relação D/s com o meu Dono – e de certa forma
ainda continua sendo por meio da nossa amizade – é de fato o mais convidativo e
acolhedor lugar que eu conheço para enfrentar as tempestades e buscar refúgio
do stress e da incerteza. É uma constante e uma rocha de segurança,
aceitação e amor. Isso pode explicar talvez, também, o porque de ainda usar sua coleira...
DELICADA_CMC