COM A PALAVRA: O DOMINADOR



                                Como me descobri dominador? Nasci mesmo assim?

Tudo começou em 1998 quando, depois de viver uma vida “baunilha” durante anos e ter procurado fazer de tudo para ser feliz com essa escolha, me descobri atraído por assuntos ligados à dominação/submissão. De lá pra cá, tenho observado várias mudanças nos grupos e na própria evolução do BDSM.
Desde pequeno eu me pegava assistindo filmes como o Drácula e percebia o desejo e a sedução que ele transmitia para a sua amada, mas sempre me colocava no lugar do mocinho, que no fim acabava por salvá-la. Na verdade eu era muito romântico. E na vida real, ser um bom filho, namorado, pai, profissional e tudo o que a sociedade cobrava, nunca deixou aflorar meu lado de domínio sobre uma mulher. Porém, sempre quando namorava eu era o dono da situação, quem tomava as decisões, as iniciativas.
Recentemente, voltei a atuar de modo mais intenso após uma tormenta que passei na minha vida, o que acabou por fazer com que o meu poder de domínio diante das dificuldades se tornasse ainda mais “vivo” e “latente”. Então resolvi atuar e assumir meu papel de Dominador - e não foi por acaso que assumi o “nome” do personagem Edmond Dante, do livro de Alexandre Dumas, “O Conde de Monte Cristo”.
O sentimento necessário para ser um Dominador eu já tinha desde jovem e não foi difícil colocar em prática, só precisava saber como usar essa “energia” da maneira correta. Um “Dominador Psicológico!”, foi assim que acabei me definindo pela facilidade de usar minha voz de comando e induzir ou encantar a pessoa interessada em ser minha Submissa, transmitindo confiança e segurança conforme eu falava sobre meus desejos e fantasias.
Em relação ao uso de acessórios, gosto de conduzir conforme a situação que eu queira explorar: se for para afligir medo, uso venda e corda; se quiser a obediência total uso a coleira para fazer a Submissa ser conduzida até meus desejos; se quiser transformar dor em prazer, uso pregador de bico de seio, velas, plug anal e cintos ou chicotes, e etc.
Gosto de usar o clima que crio de sedução e prazer, para fazer a sessão se tornar ainda mais excitante e assim conseguir sugar o máximo de entrega da minha submissa. Vou falando o que desejo e minhas ordens são para que a minha a submissa fique aos poucos hipnotizada pelos meus comandos e seu corpo fique entregue em minhas mãos, onde eu possa fazer o que eu desejar. Adoro quando chega neste nível de entrega, quando a minha submissa {DELICADA}_CMC, suplica e clama pela minha presença nos atos de sedução e entrega, e depois goza somente pelas minhas mãos.
Mas o principal elemento dentro desta nossa relação para mim é o envolvimento sentimental, pois uma experiência desta magnitude, não tem como não se envolver. Temos entre nós um carinho acima do desejo criado pela D/S, e nos consideramos mais que um Dominador e Submissa. Somos companheiros, amigos, confidentes, enfim namorados, exatamente num nível de relacionamento baunilha.
E o outro elemento fundamental é o cuidado, coisa que se encaixa perfeitamente no papel do Dominador, que tem de zelar pela sua Submissa de corpo e alma. Orientar, corrigir, entender e buscar sanar as dúvidas e dilemas que sua por ventura possa vir a ter. E esse papel não pode ser renegado por nós Dominadores, tendo em vista que a Submissa pode se perder nesse caminho ou se machucar fisica ou psicologicamente.
Fiz uma promessa a mim mesmo que nunca usaria esse meu domínio para machucar ninguém e nem que meu desejo fosse extrapolar os limites. Por isso sempre foi importantíssimo conhecer as regras e respeitá-las - ética essa não muito ou pouco aplicada no mundo BDSM, principalmente em salas de chat, e blogs de dominadores que utilizam sua “experiência” somente para elevar o número de suas “conquistas” de escravas e irmãs de coleiras - vale salientar que não tenho nada contra quem faz isso.
Então me considero um dominador diferente dos demais nesse sentido, pois busco um caminho diferente daqueles que desejam somente ter uma Submissa. Tenho uma Submissa que é também uma mulher com seus sentimentos e desejos ainda a serem explorados, e tem uma história de vida e uma vida normal, que deve ser preservada dos caminhos a serem percorridos na relação D/S.
Eu entendo seus limites e sei muito bem que temos de ter muito cuidado em não extrapolar e colocar nossa reputação em risco, evitando exposições desnecessárias, a fim de evitar problemas de interpretação equivocadas de pessoas fora desse meio BDSM
Enfim, eu adoro viver esse universo que mistura muito do mundo medieval e pagão, ao mesmo tempo em que tem um propósito de viver uma forte relação entre uma D/S consentida e profunda.

CMC
São Paulo, 27 de outubro de 2014.



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